sexta-feira, setembro 7

Cine Fátima




Cena de "Cinema Paradiso" (1989)







Quase todos os dias passo em frente ao antigo Cine Fátima e testemunho a transformação do lugar. Do que era ontem , hoje praticamente nenhum vestígio restou . Hoje simplesmente se transformou em mais uma loja , uma grande loja , mas uma “simples” loja.
Quando virou bingo há mais de 10 anos atrás, houve pouca modificação na estrutura exterior, parecia que o cinema tiraria férias por um tempo para depois voltar, e como bem diriam os franceses, em “reentré ” triunfal . Esperança sem nenhuma razão de ser , diante do quadro atual dos cinemas fora dos shoppings, mas esperança, e enquanto há vida ...
Mas agora não , a realidade veio rápida e sem volta , de sua moderna e bela arquitetura só se aproveitou mal , mal , as paredes externas e os pilares internos , o resto “ se foi na poeira “.
É como se ,de uma bela maçã , se comesse a casca e jogasse o resto fora .
Parece que uma parte de mim se vai , é a história se “desconstruindo” à nossa frente .
Se me tocou assim tão fundo, eu que nem tenho tantas lembranças assim, imagino o que está sentindo quem viveu anos e anos com o antigo cine , ou desde o início, como por exemplo o Dr. Luiz de Paula . Me lembro de Dr. Luiz falando do tempo em que o dono do cinema perguntava aos amigos, assíduos freqüentadores , de tempo em tempo, qual filme que eles achavam que deveria passar novamente no cinema , eles constantemente pediam “Allá en El Rancho Grande(1936) ,de Fernando Fuentes , com Tito Guízar ,(que descobri depois que é considerado um dos 100 melhores filmes do cinema mexicano.) esse tempo um dia existiu , e mesmo sem ter vivido isso , imagino como deve ter sido , e pasmem !!! sinto saudade .
Como também deve sentir saudade o sr. Benjamim , que foi operador de projeção e é pai do meu amigo Alex . Já o conhecia há muito tempo e só recentemente descobri que ele foi operador do Cine Fátima , mundo pequeno esse hein ?
Mas tem nada não , o trem da história passou (o trem mineiro se foi , mas quem sabe, pode voltar ) , mas continuando , a história vive ,sempre viveu e sempre viverá na mente e no coração das pessoas . Em minha pequena história descobri isso, descobri quando a MinasCaixa foi fechada . Eu que trabalhei lá por quase 10 anos descobri que a MinasCaixa não eram os prédios em que nós trabalhávamos, nem os móveis , nem o dinheiro que era movimentado, nem tampouco os papéis que garantiam , em alfarrábios sem valor , que ali era uma autarquia estadual com capital 100% público e coisa e tal e tal e coisa .
Na realidade o Cine Fátima (assim como a MinasCaixa) , era a gente , a gente que trabalhava, que se divertia , que sonhava , que sorria ou que chorava .
É, o Cine Fátima era e ainda é o que sempre foi : “ gente ”, e gente você sabe, “gente é outra coisa !!!”
Publicada originalmente em flaviocolares.zip.net em 05/01/2007

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