sábado, setembro 1

Um Grande Amor


Ele chegou naquele dia como sempre, sorriso amistoso no rosto, com a calma e delicadeza que lhe eram característicos, na juventude dos seus sessenta e poucos anos.
Eu, como sempre, ficava contente em atendê-lo, ele era sempre tão gentil e paciente.
Assim que chegou sua vez lhe perguntei : O que o senhor deseja hoje?
Ao que ele respondeu: Flávio, quanto meu filho deve aí no crédito educativo?
Respondi: Um momento que vou verificar.
Lhe passei o valor e ele disse : como é que faz para quitar?
Respondi que era só eu preencher um modelo de quitação.
Ele então falou: pode preencher aí pra mim.
Preenchi e lhe falei: Pronto! agora é só ir pagar no caixa.
Ele apertou minha mão, me olhou fundo nos olhos, me agradeceu e se foi ...

Dias depois o filho dele chegou com uma expressão diferente no rosto,
uma angústia que até então não tinha visto nele.
Flávio, meu pai esteve aqui semana passada ?
Sim, respondi.
E o que veio fazer aqui ?
Veio quitar o seu crédito educativo.
E-le e-le quitou meu crédito? meio gaguejando ele falou.
Sim! respondi.
Então, dos seus grossos óculos pude ver as lágrimas que lhe desciam dos olhos.
Mal conseguindo falar me disse: Flávio, meu pai morreu. Ele estava doente, sabia que tinha pouco tempo de vida.

Eu também fui tomado de grande emoção, ao ver todo o amor que um pai tinha por seu filho.
Um pai que, sabendo que ia morrer em breve, usou o valor de seu último pagamento para quitar a dívida do filho.
Naquele momento eu não chorei.
Estou chorando agora ...

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