quarta-feira, fevereiro 23

Memórias II- Bico de Pão

Ele só come o bico do pão !!! 
Disse meu primo Luizinho há quase 30 anos atrás. 
Sobre quem ele falava eu não me lembro, mas essa frase ficou na minha memória permanente. 
A razão pela qual isso ficou na memória, talvez Freud explicasse, ou Jung como poderia me dizer uma psicóloga poetisa...
Mas deixa pra lá, o fato é que ficou na memória e ponto final. 

Para quem não sabe, na década de 70 e início dos 80, as padarias fabricavam pães tamanho família de 500 gramas. Tinha gente que gostava da ponta do pão, que era mais crocante e outros que preferiam o meio.
E muitas vezes dava briga pois quando a pessoa ia procurar seu bico de pão, cadê?
Havia então aquela indignação: “Pô, mutilaram o pão só pra comer o meu bico!” 
Mas o tempo passou e hoje é difícil encontrar o “pão grande”, tentei encontrar uma foto dele na internet e o máximo que consegui foi essa bisnaga aí, sei que não é a mesma coisa, mas foi o que consegui...
Ontem enquanto vinha da padaria me lembrei de coisas iguais ao pão grande que igualmente desapareceram.
Há pouco mais de dez anos a maioria dos carros eram de duas portas e hoje é o contrário.Quando se perguntava a alguém se havia comprado carro de 2 ou 4 portas, o outro respondia: 4 portas é táxi !!! e o assunto se encerrava aí. 
Hoje é difícil ver um carro novo de 2 portas.
Pessoalmente acho o duas portas mais sociável; você tem de se levantar, ou levantar o banco para os outros passarem, o de 4 portas é mais individualista, cada um abre a sua porta e fica no seu canto. Talvez até seja esta a razão para a mudança...
Minha porta, Meu pão, Meu quarto, Minha televisão, Meu computador, Meu som, cada um no seu canto, e estamos conversados (ou melhor não conversados). Diminuem-se os atritos, mas não existe o diálogo e a tentativa de resolução dos conflitos. A negociação que começava já no início do dia, pois sabendo dos gostos de cada um, as pessoas se respeitavam mais, e quantas vezes não deixavam o bico do pão de fulano e comiam o meio, quase sempre por influência da mãe... 
Por falar nisso, ainda bem que mãe continua do mesmo jeito, com bico ou sem bico, com porta ou sem porta, com quarto ou sem quarto.

           Mas pensando bem, sinto saudade de quando alguém dizia entre interrogativo e indignado: “quem comeu meu bico de pão?

4 comentários:

Raquel Amarante disse...

hehehehe....
Se quiser arrumo para você deste pão chamado de baguete, na padaria faz muito...rsrs

Raquel Amarante disse...

hehehhe
Se quiser te envio deste pão que você falou... Na padaria se faz baguete, eu particularmente não gosto...rs

Flávio Colares disse...

Raquel, o importante não é o pão em sí, que não era lá tão gostoso,pois naquela época as padarias só faziam pão duas ou três vezes ao dia, ou seja, comíamos o pão já algumas horas depois de feito. O importante era a essência,o contexto, o tempo que não volta mais.

No texto falei que não encontrei o pão de 500 gramas só esta bisnaga, como chamávamos na época, ou baguete como falam hoje, assim como os franceses falavam e falam.

Agora se eu pude perceber vc me ofereceu pão de graça?
Aceito!

Raquel Amarante disse...

KKKKKKKKKKKKKKKK

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